fé e faca amolada

Vida, paixão, pindaíbas, estéticas abandonadas, estéticas corrompidas, retratos comuns, desejos.

terça-feira, setembro 15, 2009

NOVO E_MAIL

Clientes e amigos, eu possuia o e-mail thiagoraft@yahoo.com.br a onze anos, porém fiz uma modificação de senha e perdi o arquivo onde se encontrava a tal senha, e quando fui recuperar não lembrava a resposta que havia dado aa pergunta que coloquei a onze anos atrás... Por tanto o e-mail novo é:
thiagoluzraft@gmail.com
estou mais feliz com gmail pois é mais rápido e prático.
Obrigado.

terça-feira, março 11, 2008

O caso é que eu estava estudando e amadurecendo...

Com podem ver ainda estou verde.

Mas como as águas de março correm soltas até demais...


Logo estarei aqui a todo vapor e cheio de gás como os vinhos verdes.

quarta-feira, abril 04, 2007

Águas de Março


Estava sentado na beira do porto pensando nas águas de março que não fecharam o verão. Na clara ausência de esperança. Nos filhos que não poderei ter. Nas águas do território brasileiro que já estão por de mais poluídas. E pensando principalmente nesses lugares onde a água virou ouro. Os banqueiros e os trilhões seguem inabaláveis. Na nossa guerra civil. O que pensar diante dos fatos? Acabo pensando na morte da poesia. No lirismo de escritório. Tenho saudades de quando não havia pecado abaixo da linha do equador. Tenho um bruta nó aqui no peito e uma vontade constante de não fazer mais nada e me plantar aqui do lado da vitrola com uma garrafa de qualquer coisa e escutar todos os meus discos, ir ao banheiro vomitar, dormir e repetir a via até nunca mais acordar. Tenho um puta desassossego aqui no peito, e não é plágio do Pessoa nem do Caio Fernando Abreu mas já tentei de tudo: psicanálise, sexo, drogas, pequenas vinganças, entorpecimento cinematográfico entre outras balelas e só sobra esse nó no peito como espectro e vario. Acreditar em deus agora poderia ser uma ótima saída se eu não me revoltasse contra indecente e pecaminosa passividade diante da crueldade.
E lá vou eu, escovar os dentes, fazer a barba e dar uma banda por aí pra paquerar: quem sabe o amor não me salve disto tudo e ainda me leve além? Que amor? Só vejo pessoas como eu tentando curar seu desamor por si, diário e insistente. Tentando reinventar suas almas tristes e cheias de desesperanças.
E os “abraços gratuitos” chamados FREE HUGS me parecem tão falsos.
Eu aqui no meu cantinho vou escutando meus discos, estudando, escovando os dentes, fazendo a barba, cortando o excesso dos pentelhos que crescem no saco, lavando a remela pela manhã, assistindo todos esses filmes bobos dos americanos, assistindo filmes delicados e cheios de coração como Lunes al sol, Gosto de cereja, Sexo por compaixão, Litle miss sunshine, e sigo pensando nas crianças e no amor que sou incapaz de levar a elas, porque as águas de março em 2007 não fecharam o verão.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

ou

Quando se pode rir, goza.
Quando não se pode:
se cala ou se goza.

Quando se pode ir, estrada.
quando não se pode:
se fica ou se estrada.

se pode cantar:
acompanha passarinhos.
se não pode ou se cala,
ou se berra aos ninhos.

Quando se pode, pode.
Se num pode, se sacode,
e num fode.

domingo, fevereiro 18, 2007

sábado, fevereiro 10, 2007

Quando penso em suicídio ou Cigarros: sadomasoquismozinho de cada dia

(imagem editada por Thiago Raft)

Agora que sou um lumpen efetivamente, me pego sempre lembrando de Artaud e sua enquête surrealista: O suicídio é uma solução? Ele começa o texto dizendo que não, que é uma hipótese, em outro momento diz que nunca teve vontade de deixar de existir e sim de nunca ter existido, nunca ter caído nesse torvelinho de imbecilidades e desencontros, depois diz: gostaria de um suicídio que o devolvesse à vida. Para mim volta e meia tem se tornado uma curiosidade latente em resolver a questão. Aí ando pelo mundo procurando um lugar, nada vejo que me caiba. Lunes al sol. Aí tento aliviar a tensão trabalhando até as mãos abrirem-se em flor pra ver se é possível tolerar-me. Nada é possível. Talvez romper o asfalto como fosse arte pós-moderna, teve um japonês que fez coisa assim, mas tinha grana pra comprar a tela, esta exposta em alguma galeria famosa. Mas eu, que faço com meus pobres diabos aqui no peito? Saudade de dar gritos. Romper o asfalto ao som da clarineta calma de Bechet não seria má idéia. Onde há lugar no mundo?

Se me sinto ridículo pensando na auto-morte? É lógico. Ridículo, submisso, arrogante, absurdo, chantagista, prepotente. Aí me falam sobre as escolhas que fiz há anos atrás quando pensava que o mais importante do dia era aproveitar a vida nova, longe das misérias daquele monstro que me deu a vida. Já nem sei se devo agradecer ou cuspir-lhe a cara, ou pedir-lhe que me tire a vida já que me entregou assim pelas metades. Essa segunda-feira ao sol será difícil. O mais difícil talvez seja escolher entre continuar a luta pra manter-me vivo ou encerrar de vez essa brincadeira idiota de Deus. Garoto rico e mimado que faz questão de fazer-nos implorar suas migalhas.

Agora mesmo me ocorriam os cigarros. Malditos que larguei. Não, não são como nuvens de sonhos que timidamente flutuam no ar tentando ocupar esse vazio entre nós. São na verdade um rompante suicida, são eles as vontades de morrer, são eles a falta de coragem de matar-se. A fumaça é minha alma que vai se esvaindo pouco a pouco. Mesmo quando há alguma graça na vida. Os cigarros preenchiam em mim meu frenesi suicida, meu sadomasoquismozinho de cada dia.

Quando penso em matar-me. Escuto as frases criativas de Coltrane, as libidinosas de Bechet, as graciosas de Waller, e os frenesis de Parker. Matar-se escutando esses gênios cheios de vida é impossivel. Eles acabam me convencendo que vale a pena viver nem que seja somente para escutá-los e senti-los.

Quando penso em matar-me penso em culpar a deus por tudo isso. Mas do que adiantaria? Deus já é culpado. Deus, não o que da a vida, mas aquele da moral cristã que nos estabelece padrões, que nos corrompe nos estimulando resignação, e que nos quer acreditar que é possível uma vida perfeita e indolor, a vida dói, uma raio de sol pode ser um paraíso e uma morte lenta e dolorida, a vida dói.

Lembro-me agora que não vou morrer como Remi fugindo dessas Invasões Bábaras, nada de passar essa Segunda-feira ao sol. Maldito seja aquele que na mão dos homens colocou dinheiro, fez de nosso suor um escravo, tirando toda a poiésis do labor e nos infringindo toda sorte de pragas de um tripalium. O movimento das minhas mãos não vale um real, meu labor é meu e o valor dele só pode e deve estar na multiplicação da vida.

Penso ao final deste texto reescrito meses depois, que realmente o preço que pago é muito alto por perseguir meu labor, mas como sou feliz por não ser um Ivan Ilith.

sábado, janeiro 06, 2007

DESTEMIDA



Deito na cama
e pra cima de mim, mia
rosnando no ouvido,
enquanto esqueço o amargo do dia

Acomoda-se sobre a barriga
seu bigode colado na minha cara erguida

Às vezes me lambe

E eu, desprevenida,
não temo uma mordida,
afinal felinos não são como alguns homens

30/11/04

Ligia Maria

Blog Omelete de Lichia
http://omeletedelichia.blogspot.com/


Esse é o blog que estou esperando um tempão.
Na verdade a Ligia só enrrola pra mostar essas maravilhas.
Esse foi o primeiro que vi logo que ela o fez. O desenho é dela tambem.
Dá pra acreditar que ela tem vergonha de mostrar? Acho que é pura vaidade.

sábado, dezembro 16, 2006

indelicados



Vitrine de loja de lingerie:

Televisão de cachorro.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Cesaria Evora - Sodade



Quem mostra' bo
Ess caminho longe?
Quem mostra' bo
Ess caminho longe?
Ess caminho
Pa São Tomé
Sodade sodade
Sodade
Dess nha terra Sao Nicolau
Si bô 'screvê' me
'M ta 'screvê be
Si bô 'squecê me
'M ta 'squecê be
Até diaQui bô voltà
Sodade sodade
Sodade
Dess nha terra Sao Nicolau

sábado, setembro 23, 2006

Poivre

(Atualizado)
Aí tu me colaste este peitinho em riste à minha boca Fleuret, De um, suguei o visgo apimentado de um molho proibido que preparaste em teus mais recônditos lugares, Você sempre pudica me oferecia o outro, já meio triste e molinho suplicava que lhe provasse, de gota em gota, o anis estrelado e a canela que dele saiam, E um a um fui provando, O outro me roubando, E tu dissestes algo ao meu ouvido... Os dois meu bem... Bolinas os dois e tudo mais, E eu já lânguido e meio perverso te disse que não, e voltei os pés para trás, Comida que muito se mexe no fogo, Se queima, Aí tu veio com aquelas cobranças que nunca tens coragem de fazer vestida, Que eu ainda não havia acabado, E que ainda me dariam certo licor viscoso, Meio apimentado de fato, E tu ainda dizias, Que dessa pimenta que eu gostava, as lágrimas no olho acompanhando a curva de nossos corpos, Aí tu querias aquele grosso leite que tu segregavas pelas glândulas, Queria que eu com a boca a levasse o tal lácteo, Que os dois agora bolinados juntos lançavam-no para fora, Apimentado um, O outro canela e anis estrelado, E tu ias cantando assim uma música louca, Algo em espanhol, Não tinhas bebido naquele nascer do sol, Apenas esse tempero imponderável de nossos corpos, De nossas culinárias bestiais, De suores, e dentes, sulcos e lágrimas, de sangue, de esperma, De nossos sorrisos cínicos ao som do que mesmo? Aquela canção espanhola que tu cantavas aninhada aqui no meio peito? E tu deste a mim a boca para satisfazer teu impulso, O desejo lactante, Aquele gosto de menta que tu mascavas todos os dias, Tu cantavas, E veio aqui aninhar-se, langorosa no meu peito, que nem era tão seguro, Tu dizias que isso te confortava pois dos outros moços tu tinhas medo, Músculos risonhos para degolar-te, Aí tu vieste beijando-me a testa, E sem titubear foi levantando-se na cama para oferecer-me o ventre, Esbarraste o mamilo em meus olhos, Ardeu Fleuret, E eu chorei, E disse a ti já lânguido, Subtraído de minhas forças, Que não poderia, Confesso minha perversidade em negar-te, Tu me oferecias aquela forte conserva de cebolas afim de purificar-me, Eu ainda era puro Fleuret, Não conhecia esse olhar sujo que alguns tem pela paixão chamando-a de luxuria, A minha perversidade nasceu dentro da sua, Dentro de teu falso pudor, Eu é que achava lindo sugar-te o molho proibido de teus peitos, E ainda insatisfeito, Esculpir-te os preciosos, Os dois, Um a um, Com todos as individualidades e preservar cada espaço para os irmãos de leite, Trabalho cinzelado desses e sabia que depois vestida a roupa você negaria tudo, E diria que nada fede mais que dois corpos, Como era mesmo o nome da canção? Liliana Felipe a argentina maluca que cantava, E foi exilada no México por acasião da ditadura militar, Tu começaste a beijar-me os mamilos, E tu cantavas agarrada aos pelos de meu peito, Dizendo que esse meu cheiro de manjericão e tomate lhe inspiravam a fazer um molho com teu leite, Hã, Aí tu tiraste acona num rubro róseo, Ainda cantando e dela com a pontinha dos dedos com estrema delicadeza tiraste a pimenta malagueta de ti, E deste a mim para que pudesse prova-la, Eu chorei, Ardeu Fleuret, Mas o choro de gozo era mesmo de rir Fleuret, Tinha espasmos que pareciam mover o mundo, e mover algo em ti, que também chorava, que também ria, E suados ficamos ali em espelho, e beijava teus ombros e tu o mesmo pra mim, Tateando-se as retinas, Corremos a vida, Espantados ficaram os móveis da casa e se foram, Mas eu com aquela ardência dos diabos pingavam os olhos que sorriam, E nós assim embriagados por esse prato agora frio de fogo e quente de pimenta... Cantávamos nosso instante, essa fração, Chorei... De gozo, como no primeiro dia que provei pimenta lá em Salvador, Eu tinha dez anos e atravessava as passarelas no Rio Vermelho chorando... de gozo... Ao final deste banquete, Conserva de cebola, E o tal viscoso da malagueta que prometeste. Quando chegares já terei ido embora, Não, isso não foi como um tango em Paris, aquele sujeito era um idiota que não saia da padaria, Só conhecia manteiga, As fotos, e as cartas rasguei, Se o molho não fosse proibido eu não iria vagar pela Av. São João antes de me picar desta cidade nojenta, Volte pra sua casa... Fiquei embriagado com essa nossa culinária bestial... Qual era mesmo a canção?

Todo Seu,
Caio
Em algum dia nublado de novembro



sábado, agosto 05, 2006

Jogo de bicho


Quando morava na rua da Lama em Vitória, um dia estava voltando pra casa quando vi uma banca de jogo de bicho quebrada...


Ele quebrou a banca de jogo de bicho, não por sentir-se lesado, não por ato de justiça ou simples ato de loucura, não, não foi por achar-se vazio, não pelo provável pileque, não se achava desesperado, nem tinha medo, não pela incrível sensação de pensar em branco. Talvez ele quisesse êxtase. Mas nada disso importa, o que importa é que naquele dia quebrou tudo, banca, bicheiro, carros e espectadores.
Imagine que tudo isso possa ter sido apenas simpatia, é... mandinga, ou um sincero pretexto pra uma explosão necessária, um grito, talvez ele quisesse um suicídio inverso que o devolvesse à vida.
Poderia ser só incapacidade literária? Chifre? Homossexualidade enrustida?


Não.


Talvez fosse um mero devaneio. Uma tarde entediado, não um problema existencial propriamente dito, mas por uma regularidade rigorosa das horas, que temos chamado tédio. Não por solidão ou demasiado sentimento de fracasso.

Transeuntes passaram à noite imaginando o que teria sido o confronto.
As folhas numeradas cobriam a rua. E sobre a banca quebrada o bloco de escorpião.

Thiago Luz Raft

sexta-feira, julho 28, 2006

Louvado Seja Deus...



O mar de cartas de baralho espalhadas pela praça, sujas, rasgadas e mulambentas, num impulso, Hugo pesca sem olhar uma das cartas, Dama de copas, O mar, Infinito, Fractais-distantes-se-aproximam-se-recolhem-se-fecham-se-dilatam, O olhar sério da dama, A dor séria do mundo impressa sob seus olhos exaustos, Sua cor, sua textura, Seu rubor hora calmo, Hora quente, Sua paz e desespero, Seu vestido-armadura, A flor em suas mãos, O mundo parece convulso, Hugo já não parece ressaltar-se diante dessa geografia bestial dos símbolos e das coisas ensimesmadas. Caleidoscópicas visões e pressentimentos aterradores emergem da pequena constelação de personagens dessa praça dominical. O engraxate meio vesgo que observa as anomalias da tv, junto a um grupo de taxistas, moucos ao trabalho para atender seu telefone que toca por certo tempo irritante. A prostituta e o miche estão logo ali esperando mais uma redenção noturna, O farmacêutico, atônito, esquelético, esconde-se em suas vidraças blindadas e seus parangolés coloridos, As cartas, Se embaralha ao chão esse mar ensimesmado, Hugo gira a dama de copas entre os dedos, trêmulos, parecendo querer resolver um misterioso enigma. O caleidoscópio se fecha e em seguida se dilata, Juntando ao jogo a rainha impávida, Todo poderosa, Sedutora de cavalos, intrigueira de bispos, ameaça das torres, e cortesã de empamonhados reis, Ela em seu gesto ferino, Sem rubor, Se move sempre em possível bote. Acaso queres algo com meu corpo? Ela diz e corre, e volta e bate em Hugo, Rompeu o rasgo da agonia, num-susto-ladeira-acima, cantou e riu-se dele, Fez piruetas pelas ruas, descia num raio as ladeiras, Fazendo da cidade um reino particular para suas brincadeiras, Uma espécie de adega sagrada, Com seus perfumes, Suas texturas, Suas cores, Andava acaso nua? Andava nua em pelo, Sem tirar as roupas, Andava não mais comedida pelas impostações que é dado às mulheres, Andava na linha, no centro da rua, Entre os carros, Em reverencias à 80 por hora, Ao som das buzinas e seus uivos, E um trompete que rasgava a noite, ali imaginativo, Mendigava aos carros que passavam, Andava nua, nua, pela rua. Nua, Cecília pela rua.

Thiago Luz Raft